História de um beijo

Naquela época eu tinha apenas 13 anos, estava naquela fase de trocar a cor do cabelo a todo instante, pintar as unhas, passar maquiagem e falar de meninos. Coisas que toda adolescente nessa idade faz! Como esse tempo era perfeito para mim. Tinha vários amigos e amigas, já era mocinha e todos os garotos me achavam atraente, isso era bom para mim. Mas só tinha um problema, um "pequeno grande" problema, eu nunca tinha beijado um garoto na vida! Me sentia insegura, pois minha familia acreditava que eu ainda era uma "criança". Minha mãe dizia que somente começou a namorar com 18 anos, e que eu não ia contrariar essa chamada "tradição de família". Mas como isso? Eu precisava beijar alguém! Queria saber como era o gosto de tocar meus lábios nos lábios de outra pessoa. Minhas amigas eram as que mais me incentivavam a deixar essa tradição de lado. Eu podia beijar, eu devia, pois todos os meninos me achavam bonita. Eu só não havia beijado por questão de medo. Medo de trair a confiança da minha mãe. Medo de fazer a coisa errada.
Minhas amigas diziam: "Não precisa ter medo, ela não vai ver mesmo". Mais para mim, mesmo beijando sem ela ver seria uma traição. Mais cedo ou mais tarde ela descobriria. Porque mentira tem perna curta, e eu acredito nisso. Algumas caçoavam dos meus pensamentos, mas eu não me importava. Eu queria obedecer a minha mãe, pois ela é minha mãe, aquela que me esperou nove meses para nascer. Se ela pôde me esperar, eu poderia aguentar uns cinco ou até mesmo seis anos para beijar algum garoto especial. Sabia que tudo o que ela fazia era para o meu bem.
Naquela semana meu cabelo era castanho claro, já estava enjoada daquela cor, mas fazia um dia que havia deixado o louro. Eu amava pintar os cabelos, gostava de inovar. Praticamente toda semana eu queria trocar a cor, minha mãe achava um absurdo. Mas eu não ligava. Meu pai ria, meus tios apoiavam. Meu irmão me chamava de louca, e minha irmã... Ah, minha irmã não se importava nem um pouco comigo. Minha familia é praticamente diferente, de opniões e atitudes diferentes.
Minha irmã havia traído a confiança da minha mãe, mas até hoje ela não descobriu. Beijou mais de um garoto e tinha apenas 10 anos. Ela me chamava de boba por eu ter medo. É, talvez eu era boba mesmo! E ela não se importava comigo por eu ser a "do contra". Ser certinha demais, ou coisa do tipo. Mas preferia ser certinha do que fazer o que ela fazia. Eu queria aproveitar minha tal infância. Mas eu precisava de um menino mais que amigo. Que me entedesse e me fizesse feliz. Mais o que eu mais queria mesmo é que algum menino me roubasse um beijo. Talvez assim eu não teria jeito de escapar. Eu não estaria errada. E se eu pedisse para algum menino me roubar um beijo? Talvez ele risse da minha cara, iria debochar. Mas minha boca e meus instintos desejam beijar alguém. Não era eu quem pedia! Seria a famosa "seca"? Mas como ter vontade de algo que não se sabe como é?
Eram tantas perguntas que rondavam. Estava ficando maluca! Maluca de desejo de beijar alguém.
A cor castanho claro já estava desbotando. Minha cor natural era o dourado. Por isso, decidi pintar novamente. Talvez um roxo, ou um azul. Decidi pintar de roxo.
Estava na pracinha com alguns amigos, quando eu vi um garoto que eu estudei na 4ª série, aquele nerd, feio, baixinho e pirralho havia se transformado em um quase Justin Bieber.
Meu queixo caiu quando eu o vi. Quando éramos menores, ele gostava de mim... Brincávamos de namoradinhos. Ele era o menino que eu queria, meu príncipe encantado talvez. Mas ele não veio com espadas e nem cavalo branco. Ele se aproximou, vi que ele me reconheceu e ele perguntou se era eu mesmo. Minhas amigas me empurraram para conversar com ele. Me senti desconfortável, mas fui. Fui porque acreditava também que ele era o menino certo pra mim, o menino que eu procurava. Talvez no ponto de vista dele fossemos apenas bons amigos, e que na época que brincávamos eramos criancinhas refugiadas em um mundo adulto. Mas eu não pensava assim... Conversamos a tarde toda. Seus olhos estavam fixados para a minha boca e para os meus olhos azuis. Percebia-se que ele estava apreensivo e que ele desejava dizer alguma coisa. Percebi isso quando ele disse: "Todos esses anos eu te procurei. Tentava te encontrar, mas soube que você mudou de casa e ninguém sabia seu endereço, tentei arranjar seu telefone para te ligar, ou até mesmo seu e-mail. Fiquei desesperado. Mesmo que você ache que aquilo lá trás foi uma brincadeira, eu levei aquilo por anos, e tudo o que eu sinto por você é forte, e... Eu nunca beijei uma garota... Esperando por você." Fiquei intacta, minhas pernas tremeram e meu coração disparou. Ele pegou em minha mão e me perguntou: "posso te beijar?" Eu respondi o beijando. Naquele momento não lembrei de ninguém. O beijei com muito amor e carinho. Naquele momento descobri como era bom beijar alguém que se gosta de verdade. Eu descobri que o amava.
Decidi o levar para casa, para ele conhecer minha família. No começo fiquei nervosa e com medo... Mas minha mãe, aquela que me proibia, aceitou normalmente. Disse que se proibisse, eu faria  tudo escondido e que como uma amiga-mãe, ela deveria me entender. Como minha irmã me disse, eu era uma boba mesmo. Fiquei apreensiva por um longo tempo e tudo deu certo no final. Eu senti a sensação de encostar o lábio no de outra pessoa, naquele momento eu era a pessoa mais feliz do mundo!

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